Sustentabilidade do sistema de saúde

Fisioterapia: qual seu papel no modelo de transição de cuidados
Por clinicadetransicao
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02.05.2024 às 14h19m
Pessoas que passam por situações de saúde graves, como um AVC ou queda com fratura, ficam internadas por muitos dias na UTI ou são acometidas por uma doença incapacitante têm pelo menos uma coisa em comum: em maior ou menor grau, elas experimentam perda de funcionalidade.
Isso significa que elas terão dificuldades ou limitações para se movimentar ou realizar atividades diárias como escovar os dentes, se alimentar ou pentear os cabelos. Para reverter essa condição e prevenir o surgimento de outros problemas relacionados a ela, a fisioterapia é fundamental.
A seguir, vamos entender o papel dessa ciência nos cuidados e como ela é empregada no contexto das clínicas de transição.
O que é fisioterapia?
Fisioterapia é uma ciência da saúde que utiliza técnicas e abordagens terapêuticas para promover recuperação, prevenção e melhoria da função física, mobilidade e qualidade de vida de indivíduos com condições de saúde variadas.
Sendo assim, o fisioterapeuta é o profissional que trabalha fazendo a avaliação, o diagnóstico, a prevenção e o tratamento de distúrbios do movimento e funcionalidade do corpo humano.
Sua atuação é abrangente e se dá em 16 diferentes especialidades:
- Fisioterapia aquática,
- Cardiovascular,
- Dermatofuncional,
- Esportiva,
- Gerontologia,
- Fisioterapia do trabalho,
- Neurofuncional,
- Oncologia,
- Reumatologia,
- Fisioterapia respiratória,
- Traumato-ortopédica,
- Osteopatia,
- Quiropraxia,
- Acupuntura,
- Saúde da mulher,
- Terapia intensiva.
(Fonte: Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional)
Como a fisioterapia se insere na transição de cuidados
No ambiente das clínicas de transição, o fisioterapeuta é uma importante adição à equipe transdisciplinar. Seus conhecimentos técnicos específicos contribuem para apoiar pacientes com terapias de redução da dor, recuperação da força muscular e prevenção de complicações.
Já na admissão do paciente, ele é o responsável por fazer um diagnóstico funcional, avaliando as condições atuais do paciente, seu histórico de saúde e suas necessidades. Essa análise inicial servirá de base para traçar os objetivos terapêuticos e as terapias para atingi-los durante o período de internação.
O fisioterapeuta também considera os riscos associados à condição de cada paciente e prevê ações para prevenir novos distúrbios.
No dia a dia, ele será responsável por conduzir o processo de reabilitação física do paciente (tanto motora quanto cardiorespiratória), o que pode envolver mobilização articular, exercícios de fortalecimento muscular e de funcionalidade.
Podemos dizer que o trabalho do fisioterapeuta na transição de cuidados envolve um olhar abrangente e crítico, que extrapola os atendimentos diários.
Esse profissional precisa considerar as condições que levaram o paciente àquela limitação, os possíveis riscos de agravo, o contexto familiar e social para, então, chegar ao melhor prognóstico funcional para cada indivíduo.
Fisioterapia nas 3 linhas de cuidados da transição
A fisioterapia faz parte do plano terapêutico de pacientes nas três linhas de cuidados oferecidas na transição – reabilitação, cuidados crônicos e cuidados paliativos.
As sessões são diárias e, sendo que a intensidade e o tempo de duração variam de acordo com o perfil e necessidades terapêuticas de cada paciente.
Na reabilitação, o objetivo principal é devolver funcionalidade ao paciente. A busca é, dentro das possibilidades de cada um, atingir o máximo de autonomia na realização de atividades de vida diárias, como andar (com ou sem auxílio), alimentar-se, ir ao banheiro, tomar banho e vestir-se.
Na linha de cuidados crônicos, a equipe de fisioterapia tem como objetivo melhorar a qualidade de vida dos pacientes, reduzir os sintomas, promover a independência e ajudar na gestão a longo prazo dessas condições de saúde.
Já na linha de cuidados paliativos, o foco principal da fisioterapia está na manutenção do conforto e da qualidade de vida do paciente.
Os exercícios, por exemplo, vão prevenir agravos de processos respiratórios (mobilizar secreções, melhorar oxigenação do sangue, promover reexpansão pulmonar, diminuir o trabalho respiratório, reeducar a função respiratória) ou lesões por pressão, um risco comum para pacientes que permanecem no leito por tempo prolongado.
Fisioterapeutas e a aplicação da cinesioterapia
Na transição de cuidados, os pacientes estão se adaptando a novas condições de saúde e a cinesioterapia (terapia do movimento) é imprescindível nesta fase do tratamento.
Essa técnica, combinada aos conhecimentos aprofundados de anatomia e fisiologia, é usada para promover o ganho de função motora e permite que os pacientes reconquistem a independência nos movimentos do dia a dia.
Levando em consideração as capacidades e limitações de cada paciente, os fisioterapeutas desenvolvem um programa de exercícios personalizados que ajudam a reeducar músculos e articulações, melhorar o equilíbrio e a coordenação, fortalecer grupos musculares, além de promover a flexibilidade.
A interação com a rede de apoio do paciente
Uma das características que diferencia e ajuda a tornar as clínicas de transição tão efetivas no retorno seguro ao lar é sua prioridade em envolver a rede de apoio nos cuidados do paciente.
Com o trabalho da fisioterapia não é diferente: a presença do familiar é essencial para que o desfecho para o paciente seja mais favorável, tanto durante a internação quanto no retorno ao domicílio.
A comunicação com a família sobre o prognóstico funcional do paciente, esclarecimento de dúvidas e o atingimento das metas terapêuticas acontece desde o momento da entrada até a alta.
Os fisioterapeutas também serão os responsáveis por ensinar e capacitar a rede de apoio nas formas corretas e seguras de movimentação (de que forma o paciente deve ser mobilizado, como transferi-lo da cadeira para a cama e vice-versa), como manejar dispositivos de via aérea artificial, os cuidados com a traqueostomia, entre outros.
Como se sabe, a fisioterapia desempenha um papel fundamental na transição de cuidados. Trabalhando para restabelecer a funcionalidade motora ou respiratória, ela contribui para a melhora do quadro geral dos pacientes, garantindo que eles atinjam o máximo possível de independência e autonomia para o retorno ao domicílio.
Além disso, oferece suporte e capacitação a familiares para que consigam oferecer, de forma segura, o suporte necessário a seus entes queridos.
Quer saber mais sobre a transição de cuidados e sua importância para pacientes, rede de apoio e sistema de saúde? Confira uma entrevista especial com o CEO da Rede Paulo de Tarso, Carlos Costa, sobre o assunto.

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