Sustentabilidade do sistema de saúde: o papel das clínicas de transição para superar os desafios

Por clinicadetransicao

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12.07.2024 às 14h49m

A saúde no Brasil vive um momento crucial: a população está envelhecendo, a prevalência de doenças crônicas está aumentando e, com isso, os custos e a demanda por internações hospitalares pressionam a sustentabilidade do sistema de saúde. Para enfrentar esses desafios, as clínicas de transição de cuidados podem ser uma alternativa.

“Nos cuidados de transição estão presentes as condições adequadas aos pacientes após a fase aguda: alinhamento de interesses nos planos terapêuticos, objetivos específicos de cada indivíduo sem procedimentos desnecessários, indicadores de qualidade, performance e desfecho”, explica o fundador da Humana Magna e conselheiro tesoureiro da Associação Brasileira de Hospitais e Clínicas de Transição, Arthur Hutzler. 

Neste artigo, iremos demonstrar como as clínicas de transição representam uma estratégia promissora para enfrentar os desafios dos sistemas de saúde contemporâneos.

Principais desafios para a sustentabilidade do sistema de saúde 

Com o passar dos anos, o perfil demográfico e epidemiológico da população brasileira foi se modificando. “Em ritmo acelerado verificamos o envelhecimento da população e o aumento da prevalência de doenças crônicas. Neste contexto, a principal consequência é o aumento da demanda por internações hospitalares, cada vez mais prolongadas”, explica Hutzler.

Com a evolução da medicina e de políticas públicas de saúde, a expectativa de vida da população tem aumentado, aliado à queda da taxa de natalidade, com as famílias tendo menos filhos. Com isso, a tendência é o envelhecimento da população, mais propensa a doenças crônicas.

Nesse contexto, o custo do sistema de saúde aumenta, já que, em média, os quadros clínicos tendem a se tornar mais complexos conforme a idade do paciente avança. Especialidades médicas, evoluções tecnológicas e outros aspectos que elevam os custos gerais.

Contribuição das clínicas de transição de cuidados

As clínicas de transição de cuidados atuam como elo entre a internação hospitalar e o retorno para casa. Nesse sentido, oferecem uma alternativa para reduzir as internações quando elas não forem necessárias e capacitam tanto pacientes quanto rede de apoio para o cuidado pós-alta, diminuindo reinternações.

“As instituições de transição são um componente importante nas estratégias para enfrentar os desafios à sinistralidade com a demanda crescente por internações prolongadas”, afirma Hutzler. De acordo com ele, além dos benefícios aos pacientes, o modelo de transição de cuidados traz mais economicidade para a jornada do paciente, já que os custos de uma diária em clínica de transição “oscilam entre 15% e 35% de uma diária hospitalar regular”.

Além disso, a melhora na gestão de doenças crônicas, um diálogo coordenado entre os diferentes provedores de saúde que garanta continuidade dos cuidados e o monitoramento contínuo do paciente são alguns outros benefícios das clínicas para esse contexto.  Do ponto de vista da sustentabilidade do sistema de saúde, são menos readmissões, menos complicações médicas, aliadas a maior satisfação dos beneficiários e coordenação entre os profissionais.

As clínicas de transição em outros países

Os desafios da sustentabilidade do sistema de saúde não são exclusividade do Brasil. Outros países também percebem a mudança no perfil de suas populações ao longo do tempo. “Nos Estados Unidos e na Europa há centenas de milhares de leitos em operação na transição de cuidados (seja em reabilitação, cuidados paliativos ou cuidados prolongados). A relação de leitos de transição por leito hospitalar é muito mais alta que no Brasil”, afirma Hutzler. 

Para garantir a sustentabilidade, o sistema é regulado de forma pragmática, com indicações objetivas da sequência de cuidado de cada indivíduo e liberações, indicadores e condições. “Há um alinhamento maior de interesses entre as partes e o paciente fica menos ‘solto’  no sistema”, avalia Hutzler. Com isso, as decisões se tornam mais otimizadas e os desfechos têm menor taxa de judicialização. 

Possibilidade em implementação

As clínicas de transição de cuidados podem se configurar como uma solução inovadora e eficaz para os desafios do sistema de saúde. “O sistema de saúde passa por uma crise que evidencia a insustentabilidade do sistema no modelo atual. O segmento de cuidados pós fase aguda representa cada vez mais papel fundamental na jornada de cuidados, promovendo cuidado certo no tempo certo a custo certo para a crescente parcela de população portadora de doenças crônicas.”, conclui Arthur Hutzler.

Ao oferecerem um modelo de cuidado centrado no paciente, focado na continuidade e na gestão eficiente de recursos, as clínicas de transição de cuidado podem contribuir para a sustentabilidade do sistema e a melhoria da qualidade de vida da população.

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